Escritor


Eu costumava não me importar tanto na época do colegial. Havia dias que eu nem se quer aparecia na escola, o que não agradava muito minha mãe nas reuniões mensais com os professores. Não acreditava que aquelas matérias iriam me trazer algum benefício no futuro, e portanto, não fazia a mínima questão de aprende-las totalmente. Eu não era uma má aluna, minhas notas ou estavam em cima da média ou eu conseguia um pouquinho a mais, mas nada além disso. Havia apenas um professor que gostava de mim, ele se chamava Osvaldo. Em suas aulas, costumava ser rígido, porém de humor agradável. Nos dava aula de português, e costumava nos ensinar de forma diferente, nos levava em museus literários, em bibliotecas. Um dia ele passou seminários para a classe toda, e no dia da apresentação, eu faltei. Ele, e sem a mínima vontade de me deixar sem nota, me deu um livreto, de dez folhas, que ensinava como escrever um livro, como começar, como fazer a apresentação, e me ordenou, que em um mês, eu teria que escrever um pequeno livro, de no mínimo cinquenta folhas, do gênero romance. Eu, de imediato não gostei da ideia, porém ele me levou até a coluna de enciclopédias da escola, da qual ninguém mexia, e retirou um caderno, escondido, um pouco empoeirado. Então, com o rosto emocionado me disse:
Aqui, eu escrevi um livro, retratando um romance de infância. Nunca tive condições o suficiente para publicá-lo. - ele me entregou o livro – vá, leve ele, leia, apenas pra você ter uma noção de como escrever seu livro.
Eu levei e li. Não imaginei que fosse me comover tanto o livro. Acabei escrevendo o meu. Uma história romântica fictícia, porém de grande impacto a quem lesse. Entreguei enfim o livro ao meu professor. Na outra semana ele me disse que estava com o diretor Roberto.
Quando foi uma quinta-feira, recebi a noticia que meu livro seria publicado gratuitamente por uma editora que mensalmente escolhia uma obra de um autor desconhecido e publicava. Não demorou muito para que eu fosse reconhecida na rua, por quem havia lido. Recebia elogios diariamente. Após ter escrito minha primeira obra, esperei terminar os estudos e comecei a escrever outro. Hoje tenho vinte e quatro anos, e oito livros publicados. Minhas obras são do gênero romance, e atualizada da melhor forma possível. Tenho um grande carinhos aos meus leitores que me mandam cartas e me encontram nas ruas. Sinto-me alegre pelo amor que possuem por minhas obras. A cada final de livro, recebo recados como: “quando será o próximo?” ou “estou ansioso pelo próximo romance” . Em todos meus livros já publicados, há sempre uma dedicatória ao meu professor Osvaldo, do qual me deu o “empurrão” inicial pra esta carreira, e tenho em mente, publicar seu livro que me inspirou a escrever. Tenho tamanho carinho por ele, e hoje somos grandes amigos. Escrever se tornou importante para mim, no momento que percebi o quanto eu podia expressar através de personagens, o quanto eu podia imaginar, e até mesmo ver-me por de trás de cada livro escrito. Porque há esse meu modo de escrever em meus livros, e é gratificante saber que as pessoas podem me conhecer através de minhas palavras.


Texto ficticio, escrito para a 2º edição Profissão do Bloínquês

Como um oceano

Incerto. Milhares de histórias, emoções, conflitos, imersos dentro deste mar. Profundo. O coração é capaz de se submeter a outras personalidades, outros gêneros, apenas para esconder todas estas coisas que só nós mesmos sabemos. Como já dizia um velho sábio, “coração é terra que ninguém anda”, assim também eu descrevo este imenso campo minado, onde você não tem a mínima ideia da bomba que irá atingir ao se arriscar a descobrir o coração de outro alguém. Dores, que tentamos esconder. Antigas manias, antigas histórias... É impossível descobrir se totalmente alguém. E quando se é posto a prova, você é traído por algo que você não sabia sobre aquela pessoa. E sempre será assim, até o fim da humanidade, o coração é como um oceano, há coisas que nunca ninguém poderá encontrar lá, há segredos que são escondidos pelo próprio oceano, e nenhum ser humano, por mais sábio que seja, poderá conhecer totalmente outro humano. É o mistério de cada um.


Eu sei, que sumi durante um longo tempinho, mas é que eu estava sem internet... espero que gostem deste meu texto. beijos.

Lado B,


 

Eu fico impressionada com todo este seu sentimentalismo com que trata a vida. Seu modo de chorar e sorrir me comove ao ponto de dar-me vontade de mostrar-lhe ao mundo inteiro, porém ninguém te entenderia. Seu instinto amiga, em muitas vezes, acaba a deixando só, pois muitos não conseguem suportar a verdade protetora que saem por entre teus lábios. Muitas vezes, em silêncio, vejo você chorando, e eu sei o quanto dói não ter ninguém a ampara-la, não ter nem ao menos alguém pra dizer que toda aquela dor vai passar. E seus amigos, lado B, é impressionante como não se preocupam com você, e nem ao menos deveriam ser chamados de amigos, mas você os chama assim mesmo, em busca de que em algum instante, eles estejam disponíveis para ajuda-la em seus sofrimentos e angustias. Essa sua paixão por crianças e sua espiritualidade é tão bela que não a deixo presa em momento algum, nem mesmo quando o mundo a juga infantil demais.
Você é tão solitária, e vive se escondendo por de trás de seu passado, que tanto a massacrou, e fez de sua autoestima, migalhas. Você tenta reconstruir-se, e vejo o quanto este processo é lento, porém mesmo assim não desiste, e sabe que um dia vai conseguir se reerguer. Não sinto vergonha nenhuma de você, querido Lado B, ao contrario, tenho uma eterna admiração por todo este otimismo que a impulsiona a lutar por teus anseios e sua felicidade. Eu, como Lado A, tento dia após dia proteger-lhe, todas as manhãs visto uma mascara que fazem as lagrimas se extinguirem, e toda a dor passar por despercebida por de trás do sorriso que trago no rosto. Alegro-me com uma dose sua, e faço todos pensarem que estou bem, a fim de não deixarem se aproximar deste lado frágil que guardo com tanto o cuidado. Eles não irão te machucar mais, nem ao menos deixarei que os maldosos saibam de sua existência, já que te humilhariam e te fariam em pedaços novamente. Eu sei a dor que tanto arrasa seu peito, e agradeço por ser tão forte para suporta-la. Um dia ainda, alguém, em total ânsia de desvenda-la, a libertará, e você, não precisará mais de minha proteção, e finalmente, como sonhamos, se tornará o Lado A.

De seu outro lado, que é eternamente grato por todo seu sentimentalismo, A.

Carta escrita para 38º Edição Cartas, cujo tema é "Lado B".